Relacionar-se é um presente de Deus. Mergulhar na alma do outro através do olhar, sentir o arrepio da massagem carinhosa na pele do filho ou do conjugue. Conversar no escurinho, partilhar memórias, deixando o outro ser testemunha de nossas vivências. Compartilhar o pôr do sol, o anunciar de um novo dia, dormir de conchinha com que amamos.
Temos um Deus relacional. Ele se interessa por nós, ele fala conosco, nos permite sentir sua presença a partir de nossos sentidos, e nos chama para conversar e dialogar com ele: "Sou eu, eu mesmo, aquele que apaga suas transgressões, por amor de mim, e que não se lembra mais de seus pecados. Relembre o passado para mim, vamos discutir a sua causa; apresente o caso para provar sua inocência. (Isaías 43.25,26); Mas quando você orar, vá para seu quarto, feche a porta e ore a seu Pai, que está no secreto. Então seu Pai, que vê no secreto, o recompensará. (Mateus 6.6).
Podíamos ter nascido sem depender de outros, ou necessidade de nos comunicarmos. Mas Deus nos criou dependentes de amor e de elogios, carentes de toque e de olhares afetuosos. Precisamos conversar, falar, expor, discutir, conversar, convencer, debater, sorrir, gargalhar, jogar conversa fora.
Nascemos em casais com indivíduos de temperamentos diferentes, com diferentes timbres de voz, e formas distintas de assimilar e entender a realidade dos fatos e coisas. Isto nos faz refletir, ponderar, compreender diversas formas de ver uma situação, fazendo-nos incorporar valores e conceitos particulares. Quantas riquezas obtemos de relacionamentos, especialmente com pessoas corretas e tementes a Deus!
Infelizmente, os veículos de comunicação estão subvertendo este processo. A impessoalidade reinante no mundo de hoje está adoecendo pessoas. O pouco convívio social tem provocado uma avalanche de dores emocionais, onde a dor da solidão - a mais difícil de ser vivenciada - tem ganhado destaque. O egoísmo e o pouco interesse à dor do outro têm provocado enorme desgaste emocional.
Hoje as pessoas colecionam amigos virtuais, conselhos em sites de relacionamento, e estão trocando sorrisos e olhares por emotions e carinhas. Há pais que ao invés de ligar, usam mensagens de texto para perguntar aos filhos se já comeram, fizeram a lição de casa ou foram pra cama. Muitas vezes pais e filhos conversam deitados em seus respectivos quartos, numa mesma casa, e terminam a noite mandando um coração ou um eu te amo virtual.
Desde quando a imagem de um coração substitui um abraço apertado ou um olho no olho ao declarar nosso amor? Quando foi que um sorriso invertido como :) substitui um sorriso verdadeiro? KKKK substitui o som gostoso e envolvente de uma gargalhada?
Se você tem familiares ou amigos que estão longe, uma foto ou imagem pode ser um bom consolo, mas não deixe de ligar, de ver a imagem real, de olhar nos olhos, mesmo que durante um FaceTime. Mas para os que estão perto, almoçando na mesma mesa, para que usar o celular? Por que não aproveitar o momento único de uma refeição e manter o celular no bolso? Desde quando você parou de caminhar de mãos dadas com seu conjugue e filhos? Que tal levantar da cama e dar o último abraço real e apertado de boa noite? Precisamos voltar, rapidamente, ao mundo real, afetivo e interativo planejado por Deus.
Elaine Cruz
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