Deus me deu o privilégio de ter um casal de filhos. Thiago tem seis anos a mais que a Pamela, e isto deu a mim e meu marido a oportunidade de formar e acompanhar muito bem tanto a formação do caráter, como a construção da masculinidade e da feminilidade de cada um, respectivamente.
Pelo fato de ser mais nova, minha filha mergulhava no universo de brincadeiras do meu filho, e este, sempre muito paciente e correto, desde cedo a informava, do jeito peculiar dele, o que era de menino ou de menina. Cresceram amigos, e hoje, já casados, permanecem amigos.
Minha filha desde cedo compreendeu que meninos não usavam vestidos, não colocavam enfeites no cabelo e nem brincavam de Ken - no máximo com bonecos de super heróis. Assimilando o outro, soube se diferenciar sem competir, simplesmente entendendo que muitas regras e atitudes da sua feminilidade eram diferentes e complementares.
A educação atual tenta impor que meninas e meninos são iguais. É claro que as potencialidades intelectuais são iguais, e que ainda lutamos por salários e igualdade social num mundo machista, onde em muitos países a mulher ainda não é contada ou considerada. Mas educar meninas implica em assumir a feminilidade esperada.
Nós mulheres, em geral, desde cedo somos mais falantes e curiosas. Isto facilita a criação de meninas, que gostam de conversar e se informar, desde que nós, as mães, nos dispusemos a ouvir e explicar o universo feminino a elas. Compartilhar enfeites, maquiagens, sapatos, bolsas, laços e fitas, bem como atitudes e comportamentos esperados socialmente.
Por mais diverso que seja o temperamento, meninas e meninos precisam aprender, sim, a falar em tom educado, comer de boca fechada, se dirigir a outros com deferência, respeitar seus corpos, honrar os pais, ter educação e polidez social. Entretanto, assim como os meninos precisam aprender a desenvolver sua masculinidade, as meninas necessitam aprender a ser femininas.
O universo jovem hoje está repleto de mulheres que tomam hormônios masculinos, muitas para desenvolver músculos, e acabam ficando com voz grossa e corpo deformado. Outras assumem postura masculina, sentam de forma deselegante, e se vestem de forma masculinizada, mesmo que não tenham comportamento homossexual. Em um outro extremo, muitas adolescentes se vestem de forma chamativa, mostrando pernas e seios, com saias minúsculas, e postam fotos e nudes nas redes sociais com postura erótica. Não respeitam seus corpos, os expõem de forma sensual, e não compreendem que estão menosprezando a si mesmas, expondo suas carências. Acabam se envolvendo com homens obscenos, encontrando sexo enquanto buscam afeto e admiração.
Mulheres devem se fazer bonitas, precisam se arrumar bem, gostar de seus corpos e, principalmente, de si mesmas. Mas ser feminina também implica em ser bela sem ser vulgar. Implica em saber se arrumar sem se expor.
Fico me perguntando onde nós, mães, estamos falhando em prover a nossas filhas uma auto estima e auto imagem reconfortante. Por que há tantas jovens carentes mendigando afeto? Temos nos esforçado para abraçar, conversar e dar carinho a nossas meninas? Por que tantas se escondem atrás de uma postura masculinizada? Nosso casamento tem sido exemplo? Estamos estimulando nossos maridos a serem modelos masculinos apropriados as nossas filhas? Nossas posturas de vida têm sido tão favoráveis para servirem de exemplo de mulheres femininas e felizes?
Sabemos que há um trabalho espiritual maligno para destruir mulheres. Mas nós, que somos mulheres e servas de Deus, precisamos resistir e forjar mulheres felizes e comprometidas com sua feminilidade. Este trabalho deve ser feito na igreja, em nossa comunhão enquanto Corpo de Cristo. Mas precisa começar prioritariamente em nossa casa, com nossas filhas, noras e netas. Vamos arregaçar as mangas e batalhar, recuperando o privilégio e a honradez da feminilidade?
Elaine Cruz
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