Nossas decisões não são realizadas a partir do nada, como se decisões fossem isentas de valores e conceitos previamente internalizados.
Na verdade, as nossas decisões são dirigidas pelo nosso mundo interior, construído a partir de bases estruturais muito complexas.
Nosso cérebro registra fatos, imagens, pensamentos, sentimentos, fazeres e atitudes anteriores. Quando assistimos a um filme sobre violência, por exemplo, o cérebro registra a imagem, não a apaga, e muitas vezes esta imagem pode aparecer em um sonho, ou pesadelo, como se nós fossemos os protagonistas da história. Se você imaginou uma experiência amorosa, ou se de fato viveu esta experiência, o cérebro a registra, sem necessariamente separar a verdade do imaginado, tal como o mentiroso que com o tempo passa a acreditar em suas histórias mentirosas. Este é o motivo de ser tão importante selecionarmos o que vemos, pensamos ou assistimos – ficção ou realidade – estarão em nossa memória, facilmente acessados por novas aquisições vivências.
Nossa cognição pode acessar estes dados, mesmo ficcionais, e a partir deles elaborar e reconstruir conceitos e afetos, muitas vezes causando deformações, como é o caso da pessoa magérrima, mas que sofre de disformia, pois se olha no espelho e se sente gorda, a ponto de rejeitar alimentos e morrer de inanição. No mundo de conceitos prontos em que vivemos, como “é melhor levar vantagem sobre o outro”, ou “dinheiro traz felicidade e poder”, selecionar conversas, leituras e discussões é muito importante para não absorvermos valores anti bíblicos.
Enquanto a mente elabora, pondera, analisa e compreende, nosso corpo externaliza, a partir dos sentidos e dos comportamentos, o que se passa nos nosso interior. Pessoas tristes andam mais encurvadas, pessoas ansiosas executam movimentos repetitivos, pessoas deprimidas perdem o brilho no olhar, pessoas motivadas se posicionam de forma ereta e positiva.
Nossa consciência sabe o que sentimos, o que queremos ou acreditamos. Podemos enganar outros, simulando falas e olhares, mas não podemos nos enganar intimamente - muito menos a Deus, que não só sabe o que pensamos, sentimos ou fazemos, mas conhece as intenções do nosso pensar, fazer ou sentir.
Quando decidimos por algo, portanto, existe uma série de fatores internos que nos levam à escolha de determinada decisão. E são o resultado e as consequências de nossas decisões, muitas vezes, que nos permitem fazer o caminho inverso, analisando os fatores internos a partir dos externos: se decidimos erroneamente, quais foram os valores internalizados que se impuseram? O que estávamos pensando quando tomamos tal atitude? O que esperávamos colher a partir do que plantamos? E, de fato, o que temos plantado em nossas memórias vivenciadas?
Nossa alma reflete toda esta rica e ágil gama de vivências e interações, internas e externas. E ela precisa ser revista sempre, reorganizada e revisitada, de modo a sermos guiados pelo caminho correto: “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece as minhas inquietações. Vê se em minha conduta algo que te ofende, e dirige-me pelo caminho eterno”. (Salmos 139.23,24).
Elaine Cruz
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