O frio mata. Já morei em países em que a temperatura média no inverno era de -10 graus Celsius. A casa precisava ser aquecida, e o tanque do carro devia estar sempre cheio, de modo a manter o carro ligado em situações de congestionamento, pois se a gasolina acabasse, a chance de morrer congelado dentro do carro era grande.
O frio mata devagar. A pessoa vai deixando de sentir seus membros, sua respiração vai se tornando lenta, o sangue vai parando e seus órgãos começam a falhar. Mesmo quando a mente ainda está ativa, a pessoa não consegue se mexer, nem mesmo gritar por socorro.
Emocionalmente, a frieza da alma também pode ser tão grande, que leva a pessoa a congelar sua vida e seus sonhos. Viver numa casa com pais distantes, que não demonstram afeto, que não abraçam ou elogiam, que são incapazes de perceber e de amar seus filhos, é como viver dentro de um iceberg emocional.
Muitos lares são assim: frios, secos, nevados. Não há aconchego, calor humano ou o afeto caloroso. As pessoas pouco se falam, e vão se tornando congeladas, não conseguindo nem mesmo gritar por socorro, por um colo, pela atenção do outro.
A Bíblia diz que a mulher sábia não receia a neve por seus familiares, pois todos eles vestem agasalhos. (Provérbios 31.21). É claro que o texto deve ser interpretado no sentido literal: a temperatura de Israel no inverno é muito fria, nevando em algumas regiões por meses. É de se esperar, portanto, que uma mulher sábia se organize para o inverno, aquecendo sua casa e agasalhando os membros da sua família.
Entretanto, se aplicarmos o texto dentro do contexto afetivo, a lição que aprendemos é a de que nossa casa precisa estar aquecida. É muito bom voltar para uma casa calorosa depois de um dia estafante de trabalho. É gratificante saber que por mais que o mundo corporativo e profissional seja estressante e frio, podemos encontrar calor humano em casa: pais interessados no cotidiano dos filhos, filhos solícitos à instrução amorosa de seus pais, cônjuges prontos a abraçar e aquecer a alma e o corpo um do outro.
Não tema a neve. Se o desemprego de um dos cônjuges bater à porta, é bom poder contar com o suporte do outro. Quando a doença chegar, os membros da família se revezam nos cuidados. Quando o choro for necessário, é sempre bom ter um ombro amigo para abraçar a alma e aquecer o coração.
Agasalhe seu cônjuge. Abrace, beije, diga palavras de ânimo, e o apoie em suas tribulações e lutas pessoais. A vida conjugal implica em cumplicidade, entrega e uma boa dose de calor humano, fazendo com que o outro não se sinta só.
Agasalhe seus filhos e netos. Ou, se for solteiro e adulto, agasalhe seus pais. Supra seus familiares de amor sincero e incondicional, dê o beijo de boa noite, cubra com cobertas antes de dormirem, e não deixe de cobri-los de orações, de elogios, de ensinos e de afeto. Quando fecharmos a porta, e deixarmos a neve do inverno da vida do lado de fora, que nossas casas estejam sempre aquecidas!
Elaine Cruz
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