Elaine Cruz

Elaine Cruz é psicóloga clínica e escolar, com especialização em Terapia Familiar, Dificuldades de Aprendizagem e Psicomotricidade. É mestre em Educação pela Universidade Federal Fluminense, professora universitária e possui vários trabalhos publicados e apresentados em congressos no Brasil e no exterior. Atua como terapeuta há mais de trinta anos e é conferencista internacional. É mestre em Teologia pelo Bethel Bible College (EUA) e membro da Academia Evangélica de Letras do Brasil. Como escritora recebeu o 'Prêmio ABEC de Melhor Autora Nacional' e é autora dos livros “Sócios, Amigos e Amados”, “Amor e Disciplina para criar filhos felizes” e o mais recente, "Equilíbrio Emocional", todos títulos da CPAD.

Silêncios

Há algumas poucas décadas atrás, os bebês nasciam e demoravam cerca de três a cinco dias para abrir os olhos. Eram gerados em silêncio, sem o barulho de televisores, de campainhas de celular, de estridentes buzinas de carros ou das vozes altas dos transeuntes das ruas. Hoje são muitos os barulhos cotidianos no trânsito das ruas, sem mencionar os programas de  televisão, vídeos do youtube, filmes e jogos. E com os barulhos e estímulos, as pessoas se expressam em um tom de voz cada vez mais alto para serem ouvidas e percebidas!

Em meio a tantos ruídos, todos nós precisamos de momentos de silêncio, em que desligamos os aparelhos ou o rádio do carro, e ficamos quietos, escutando só os pássaros ou o som da chuva. Precisamos parar para  ouvir a nós mesmos, só percebendo o batimento do nosso coração desacelerando, ou nossos pensamentos se organizando em nossa mente. 

Entretanto, por mais que o silêncio nos faça bem, é preocupante quando as pessoas que amamos silenciam, se afastando emocionalmente e deixando de partilhar suas vivências. Quando o filho adolescente deixa de conversar e rir com amigos reais, para se relacionar virtualmente com amigos que não sabemos de onde provêm, precisamos interferir para entender o que aconteceu. Quando a filha, que era falante e extrovertida, se cala e se tranca em seu quarto, balbuciando frases monossilábicas quando confrontada, precisamos orar e insistir para que ela possa partilhar conosco o porquê da sua mudança. 

Muitas vezes o conjugue, que era falante e relacionável, deixa de partilhar seu cotidiano, para de contar as piadas engraçadas que ouviu no espaço de trabalho, e nem mais reclama de um hábito do seu par. Deixa de solicitar favores, evita os momentos em família, e se cala, evidenciando que alguma coisa não está bem. 

Há momentos em que o discurso da televisão assistida a dois esconde o silêncio conjugal. Outras vezes jantar com outros casais sublima o silencio constrangedor de um casal que não tem assunto para conversar a dois. Ou o barulho do videogame disfarça a ausência do diálogo familiar. Estes silêncios apontam para um estranhamento. É muito triste quando  uma pessoa simplesmente não mais se importa em partilhar sua vida com a família. Mas ainda é mais difícil de tratar a situação em que o outro já não fala por não ser ouvido – já tentou falar e compartilhar sua dor, mas sua família não ouve, não se importa, não se afetou com sua história. Cada um está imerso em seu próprio mundo particular, no isolamento individual mesmo quando cercado pelas pessoas da família!

Respeite o momento do silêncio do seu cônjuge e filhos, quando eles chegam cansados do trabalho ou da escola. Mas vá esvaziando os silêncios, oferecendo uma chácara de chocolate quente, uma refeição saborosa à mesa, uma conversa amena e descontraída, que não embuta mais problemas e que passe longe de reclamações. 

Substitua as críticas por olhares atentos. Troque a falta de atenção por abraços sinceros, e por perguntas interessadas que motivem o outro a falar, e não corte a frase alheia para apontar erros ou outros modos de agir. Espere o relato se concluir, e então, se for importante, acerte as arestas com cuidado, reorganizando valores e ensinando o que for necessário.  

Quando conseguimos a interação entre os membros da nossa casa, reduzindo o isolamento do silêncio, refazemos elos de confiança, reorganizando a amizade rara entre os membros da família, que atravessa os anos e as distâncias físicas. Rompa com os silêncios, reconstrua o diálogo e volte e se conectar com os que ama. Compartilhar a vida é uma dádiva incomparável.

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Elaine Cruz 

*A CPAD não se responsabiliza pelas opiniões, ideias e conceitos emitidos nos textos publicados nesta seção, por serem de inteira responsabilidade de sua(s) autora(s).

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