Logo no início da Bíblia, ainda no terceiro capítulo, quando Eva e Adão pecam, desobedecendo a ordem divina de não provarem do fruto da árvore do bem e do mal, lemos: Ouvindo o homem e sua mulher os passos do Senhor Deus que andava pelo jardim quando soprava a brisa do dia, esconderam-se da presença do Senhor Deus entre as árvores do jardim.
Mas o Senhor Deus chamou o homem, perguntando: "Onde está você?" E ele respondeu: "Ouvi teus passos no jardim e fiquei com medo, porque estava nu; por isso me escondi”. E Deus perguntou: "Quem lhe disse que você estava nu? Você comeu do fruto da árvore da qual lhe proibi comer?” Disse o homem: "Foi a mulher que me deste por companheira que me deu do fruto da árvore, e eu comi”. O Senhor Deus perguntou então à mulher: "Que foi que você fez?" Respondeu a mulher: "A serpente me enganou, e eu comi”. (Genesis 3.8-13).
As respostas de Adão e Eva foram muito semelhantes. Ao invés de assumirem a desobediência, Adão culpou Eva, e Eva culpou a serpente pelo ato pecaminoso quer haviam realizado. Adão ainda diz "a mulher que me deste”, apontando para o fato de que Deus poderia ter parte na sua culpa!?
Infelizmente, apontar motivos externos, e preferencialmente nos atos de outras pessoas, continua sendo uma estratégia humana, aprendida com Adão e Eva. A criança, quando questionada por conta de um erro, desde cedo põe a culpa em um brinquedo, no irmão, na fome, no cansaço, etc. Afinal, é mais fácil dividir a responsabilidade das falhas do que admitir os próprios erros.
Há uma estória antiga, associada a diversos autores, sobre um homem que era pai de dois meninos. Este homem bebia muito e seus filhos conviveram com todas as consequências das atitudes paternas. O tempo passou, e quando estes já eram homens, depois do falecimento do pai, um parente veio visitá-los. Analisando o comportamento dos filhos, perguntou ao primeiro filho: "Por que você bebe?" E este respondeu: "Olha o pai que eu tenho!”
O parente, percebendo que o outro filho evitava bebida, diferente de seu pai e irmão, perguntou então ao segundo filho: "Por que você não bebe?" E, curiosamente, o segundo filho também respondeu: "Olha o pai que eu tenho?!"
A história acima aponta para uma verdade incontestável: não podemos evitar que as pessoas e o meio social nos alcance e nos afete, mas podemos escolher nossas reações a estas afetações.
Mesmo sem poder remediar o comportamento paterno, o primeiro filho teve uma ótima justificativa para o seu erro – ele havia convivido com um pai beberrão, talvez violento e irresponsável. Este filho, como tantos hoje, teve exemplos em casa, imitou o comportamento de quem amava, se deixou levar pelos mesmos caminhos do pai.
Resolveu se identificar com os atos paternos, repetiu os passos assimilados, escolheu a mesma vida e, sem dúvida, colheu as piores consequências.
O segundo filho também sofreu. A figura masculina não lhe era favorável, e passou vergonhas com vizinhos e amigos. Mas, como muitos de nós, ele resolveu avaliar as escolhas do pai e, mesmo amando-o, decidiu seguir o caminho oposto, colher da vida resultados diferentes. Afinal, ele tinha uma excelente justificativa para sua escolha de viver sóbrio!
Quem erra sempre tenta se justificar, e muitas vezes têm até motivos aparentes. Mas, queiramos ou não, a escolha reflexiva e consciente de nossas ações sempre será mérito nosso – o comportamento dos outros pode nos afetar, mas não tem a força de nos definir!
Não podemos justificar nossos erros a partir das falhas e pecados alheios. Mas podemos olhar para Jesus, nosso exemplo, e escolher imitar sua conduta!
Elaine Cruz
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