Há dias específicos para nos lembrar de agradecer, como o Dia Nacional de Ações de Graças. Afinal, a gratidão é uma decisão pessoal e íntima, que extrapola presentes caros ou palavras bem escolhidas.
Ser grato é decidir elogiar, agradar e agradecer, mesmo quando nem tudo acontece como gostaríamos. Precisamos ser gratos pelo pouco que nos ensinou a valorizar o que temos. Ser gratos pela dor que aumentou nosso limitar para o sofrimento. Ser gratos pela doença que fortalece nossa resistência física, e pelo desafeto do outro que nos fez crescer mais maduros e confiantes em Deus e em nós mesmos.
A partir da conversão, a gratidão é uma virtude cristã a ser buscada: Portanto, como povo escolhido de Deus, santo e amado, revistam-se de profunda compaixão, bondade, humildade, mansidão e paciência. Suportem-se uns aos outros e perdoem as queixas que tiverem uns contra os outros. Perdoem como o Senhor lhes perdoou. Acima de tudo, porém, revistam-se do amor, que é o elo perfeito. Que a paz de Cristo seja o juiz em seus corações, visto que vocês foram chamados a viver em paz, como membros de um só corpo. E sejam agradecidos. (Colossenses 3.12-15).
A compaixão, mansidão e paciência são frutos de experiências difíceis da vida, em que vamos amadurecendo emocional e espiritualmente, pois aprendemos a depender afetivamente de Deus. Mas suportar é apoiar e superar as nossas razões, lidando com pessoas difíceis, cujos temperamentos ainda precisam ser moldados, e cujos valores ainda são mesquinhos e maus.
No convívio social, em espaços profissionais ou familiares, e mesmo dentro da igreja, ocasionalmente nos ferimos. Guardamos queixas e reclamações, e podemos armazenar mágoas e dores, fazendo nosso coração sangrar e nossa alma perder a alegria da salvação. É por esta razão que precisamos perdoar as queixas uns dos outros, e manter o amor e a paz como vínculo e elo em nossos relacionamentos.
De todo o texto acima, gosto da expressão “sejam agradecidos”. Paulo era grato por ser prisioneiro por causa do evangelho de Cristo (2 Timóteo 1.8). A mulher sírio-fenícia era grata e esperançosa pela probabilidade de poder comer das migalhas que caem da mesa dos senhores (Marcos 7.28).
É fácil ser grato pelas bênçãos recebidas, pelo aumento de salário, pela despensa cheia. Mas quantos conseguem ser gratos na hora da doença, no momento da morte de quem amamos? Quando só o que há para comer são migalhas que foram dispensadas por outros?
Quando estamos presos e feridos, como Paulo e Silas, ainda cantamos? Quando aflitos, como o ladrão da cruz, conseguimos olhar nossa culpa e clamar por misericórdia? Ao sermos apedrejados, podemos olhar para cima, manter os olhos em Deus enquanto sangramos, como fez Estevão?
Guarde e lute pela sua salvação. Ame e evangelize sua família. Seja o melhor que puder ser, e faça o melhor que puder fazer por você, pela obra de Deus e pelos outros. Mas saiba que podemos perder coisas e pessoas, que nossas expectativas nem sempre serão supridas. E enquanto chuva cair e os ventos baterem, nem sempre entenderemos o porquê dos fatos ocorridos e permitidos por Deus.
Contudo, quando a tempestade passar, e limparmos as sujeiras e escombros, sem que percebamos passamos a nos alegrar pela nova planta que floresce por causa do sol que volta a brilhar. E então podemos até mesmo agradecer pela nova colheita, e agradecer pelo novo medicamento, pelo novo emprego, pela saudade de bons momentos, pelo privilégio de podermos ter partilhado a vida com pessoas que nos esperam para eternidade com Deus.
Hoje e sempre, sejamos agradecidos!
Elaine Cruz
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