Em meu livro Sócios, Amigos e Amados, da CPAD, ressalto a importância da amizade para o casamento.
Relato que, há muitos anos atrás, falando em uma convenção de pastores sobre as atribuições de um marido, um pastor de quase setenta anos, ao final da minha preleção me procurou. Ele estava aos prantos, e me disse que havia tido uma resposta para uma questão que o atormentava há alguns anos.
Contou-me que no início de seu casamento ele fazia cócegas na esposa, brincava com ela, e que eles passavam horas, por vezes uma madrugada inteira, conversando e namorando. Porém, com a correria da vida, a chegada dos filhos e as atribuições do ministério pastoral, ele e a sua esposa foram se afastando. Passaram a conversar menos, a namorar pouco, e a viverem entre rixas e contendas. Lembro exatamente das suas palavras: “Hoje, às vezes eu acordo e olho para a minha esposa, e choro de saudades da mulher alegre e amiga com quem me casei!”
Ao longo da minha vida como terapeuta e conselheira, percebo que este é o retrato de muitos casamentos. Há muitos maridos que olham para as suas esposas procurando o antigo brilho divertido em seu olhar, e só vêem uma mancha cinzenta de tristeza. Ao longo dos anos, o companheirismo se esvai, as brincadeiras diminuem, o bom humor torna-se mais escasso e o tom de voz torna-se mais agressivo e impaciente. Em muitos casamentos, as conversas sobre as alegrias e as dores da alma se reduzem a frases repetitivas e prontas sobre os problemas do cotidiano.
Sabemos que a mulher, embora também precise de companheirismo, consegue viver melhor sozinha do que o homem – ela consegue conversar consigo mesma e nem sempre quer estar cercada de gente para ser vista, ouvida ou para ter seu ego massageado.
Já o homem, por sua vez, tem uma necessidade maior de coleguismo. Ele gosta de ter com quem partilhar os momentos da sua vida, de sair para jogar ou caminhar com alguém, de poder contar com outras pessoas para não se sentir só. Embora ele tenha uma dificuldade maior de falar ou expressar a sua intimidade, ainda assim gosta de companhia.
É triste acompanhar casais que necessitam estar cercados de pessoas. Muitos cônjuges desejam continuar saindo com amigos (para partidas de futebol, jantares ou reuniões evangélicas), sem se dar conta de que negligenciam a amizade e solicitude do cônjuge que o aguarda em casa, também ansioso pela sua companhia e coleguismo.
Muitos são os que partilham as coisas engraçadas, as piadas, as novidades e as brincadeiras com os colegas de trabalho ou do ministério. Para o cônjuge, sobram as reclamações, o cansaço, o silêncio na frente da televisão, a rabugice e a atitude egoísta de chegar em casa para ser servido à mesa e na cama.
Como esposa, lembre-se de que você votou ao seu marido ser a sua companheira de vida. Ele precisa ver você como uma grande colega, como a sua melhor amiga, não só para partilhar os momentos de carência ou de dificuldade, mas principalmente para vivenciar momentos de alegria e descontração.
Assim sendo, esteja pronta para rir de piadas antigas, busque momentos de descontração no seu leito conjugal, e aprenda a gostar (ou pelo menos apoiar) de coisas que seu marido gosta, seja dirigir, correr, fazer um churrasco, andar de bicicleta ou cuidar do carro ou do jardim.
Aprenda a ser uma boa companheira. Aprenda a ler mapas e a gostar dos desvios na estrada. Esforce-se para concluir a trilha e aprenda a limpar o peixe que ele pesca.
Colecione aventuras conjugais divertidas, que serão contadas a seus filhos e netos. A vida passa muito rápido, e se ele partir antes de você, serão estas lembranças que vão aquecer sua cama vazia e seu coração saudoso!
Elaine Cruz
*A CPAD não se responsabiliza pelas opiniões, ideias e conceitos emitidos nos textos publicados nesta seção, por serem de inteira responsabilidade de sua(s) autora(s).