A palavra quase é um advérbio que usamos desde a infância, quando as crianças ainda só conseguem falar “case”, pois não conseguem utilizar o fonema qua. É uma palavra latina que significa do mesmo modo que; como; pouco mais ou menos; como se, aparentemente; não longe de; não distante de; muito perto de; muito próximo a; pouco menos de; com pouca diferença.
Há momentos em que a usamos com alegria. Quando estamos quase concluindo um curso ou a leitura da Bíblia, ou quase recebendo nosso salário mensal. Ou quando estamos em dieta e quase alcançando nosso peso ideal, ou quando a data do casamento está quase chegando.
Contudo, infelizmente, algumas vezes a palavra quase implica em um grande obstáculo para algo que precisamos ou ansiamos, quando o quase não é suficiente e precisamos do absoluto.
É o caso de uma pessoa se casar com alguém que é quase fiel – o cônjuge é bom provedor, bom pai de família, bom de papo e de desculpas, mas não é absolutamente fiel. No caso da fidelidade conjugal, ninguém procura um marido ou uma esposa que seja oitenta por cento ou noventa e cinco por cento fiel. Precisamos de cem por cento, pois ser quase fiel é a mesma coisa de ser infiel, da mesma forma como ser quase honesto é a mesmo que de ser desonesto!
O mesmo raciocínio se aplica para o quase evangélico: a pessoa é boa em suas ações, ajuda o próximo, tem bom caráter, paga as contas em dia, é um cônjuge prestativo e amigo, e cuida bem dos filhos. Conhece o Evangelho, consegue recitar textos bíblicos, mas decide não se comprometer com o sacrifício de Jesus e viver o evangelho. É uma pessoa quase crente, que se acha salva, mas não está absolutamente convertida, pois é mais uma daquelas pessoas que só falta aceitar a Jesus para ser salva!?
E o que não dizer do quase salvo? Do evangélico, que frequenta igreja, mas continua caluniando, fofocando, trabalhando pela glória terrena e que ainda não tem seu coração limpo como deveria? Ou daquelas pessoas que aceitam noventa por cento do que a Bíblia ensina, mas discordam dos outros dez por cento? Infelizmente, as igrejas estão cheias dos quase salvos…
Nos casos acima, quando o assunto implica em decisões internas e morais, como fidelidade, honestidade ou conversão, não podemos nos contentar com o quase. Precisamos do absoluto. Não podemos ser quase bons, quase decentes, quase amigos, quase sinceros, quase corretos!
Mas quero ainda falar de um quase que precisamos superar, já que vivemos em um mundo em que as coisas dificilmente estarão absolutamente tranquilas. Afinal, convivemos com problemas, escassez, ingratidão e aflições na vida que nos cerca. Assim sendo, se não decidirmos pelo contentamento, se não escolhermos a alegria, poderemos ser pessoas quase felizes!
Fico realmente triste também com a multidão dos quase felizes. É o homem que está quase feliz porque ainda não conseguiu seu emprego dos sonhos. A mulher que está quase feliz porque ainda não conseguiu dinheiro para comprar sua bolsa da marca dos seus sonhos. O adolescente que tem tudo, mas vive quase feliz porque não aprendeu a se contentar com o que possui. Ou o caso de jovens que têm um grande futuro, inteligência acima da média, e possuem excelente família e grandes oportunidades, mas que estão quase felizes porque estão acima do peso, ou não têm o cabelo lindo e maravilhoso dos comerciais de shampoo.
Cuidado com o quase. Decida ser feliz independente do quase que ainda não chegou ou se completou. Afinal, a decisão é sua: se seu copo está com suco exatamente pela metade, você é quem decide se seu copo está quase cheio ou quase vazio!
Olhe para a sua vida e decida pelo quase cheio, a se contentar com o que já tem, com o que já faz, com sua aparência e as oportunidades e bênçãos já recebidas. E, quando você se contentar com o quase, de forma inesperada, Deus pode fazer o todo!
Elaine Cruz
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