Conviver é o mesmo que coexistir, possuir convivência, partilhando afetos, fatos e vivências. Não é algo fácil, pois desde crianças somos educados para construirmos nossa individualidade, com valores e pensamentos particulares.
São muitas as crianças que desde cedo apresentam dificuldade de conviver com as diferenças, com o não, com a devolução do objeto do amiguinho, com os gostos, os sucessos e as atitudes alheias. E mesmo quando crescemos, percebemos o quanto pode ser difícil conciliar a nossa vida com as dos outros com quem lidamos, seja no espaço profissional ou pessoal.
Todos temos expectativas quanto ao futuro, projetos profissionais, planos para a família ou vida sentimental, e anseios vários, como viajar ou crescer na carreira. E é licito que, dentro do que é legitimo e correto, persigamos nossos alvos e metas.
Passamos muitos anos da nossa vida planejando a própria vida, e é muito bom quando conseguimos vislumbrar e vivenciar a tão esperada viagem ou conquista profissional. Quantas meninas sonham com o dia do casamento, escolhem nomes para os filhos futuros, se imaginam em carreiras prósperas e idealizam seus corpos e seus romances.
Quando muitos destes planos se estabilizam, o planejamento continua. Se já é difícil organizar a própria vida, o que não dizer dos pais que precisam acertar as diferentes agendas dos filhos? Cursos de inglês, aulas de música, escolinha de futebol, horários alternados de colégios? Como montar em casa uma engrenagem que permita aos pais terem vida conjugal e parental?
Na esfera profissional fazemos o mesmo. Precisamos ajustar as diferentes requisições de chefes, administrar egos de gerentes e subalternos, e ajustar nossos horários aos dos clientes e dos pacientes. Muito do estresse profissional reside em atritos pessoais e corporativos. No mundo corporativo de hoje, possuir inteligência emocional para saber conviver em espaços profissionais tem o mesmo peso curricular que as competências e cursos adquiridos em bancos escolares.
Nossa sociedade reflete estes conflitos. Reivindicações legítimas de uma categoria de trabalhadores faz com que fiquemos presos em nossos lares, quer pela falta de combustível ou de segurança. Ações políticas afetam nosso bolso, ações governamentais podem complicar nossa saúde, atos de pessoas com quem convivemos socialmente podem ferir nossos sentimentos.
Se nossos direitos terminam onde começam os direitos dos outros, nossos deveres devem prosseguir mesmo quando os outros falham em seus deveres conosco. Assim, decidimos pelo justo numa sociedade injusta, e permanecemos corretos mesmo quando cercados por desonestidade. Mantemos nossa integridade e lutamos diariamente para alcançar objetivos, ao mesmo tempo em que respeitamos e, se possível, apoiamos e ajudamos o outro em suas metas particulares. Fazemos o que nos cabe, o que a Bíblia nos ensina: Sejam completamente humildes e dóceis, e sejam pacientes, suportando uns aos outros com amor. (Efésios 4.2)
Conviver, conjugar a vida e partilhar um mesmo espaço de trabalho implica dar suporte, apoiar e amar pessoas. Portanto, se posicione com amor, e seja firme quanto a seus princípios e valores. E espere gratidão e ingratidão, amores e desafetos, elogios e invejas, compreensão e rebeldia. Afinal, conviver é sempre uma grande arte!
Elaine Cruz
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