Nas estações do ano da nossa vida, o verão é a nossa infância, a primavera é nossa adolescência e juventude, e a vida adulta se constitui nosso outono.
Depois dos esperados anos de alegria e contentamento da infância, bem como dos anos das principais escolhas sentimentais e profissionais, iniciamos uma nova estação.
Na nossa vida, esta é a estação mais longa. Começa no meio dos nossos vinte anos, e dura cerca de quarenta anos. É a estação em que frutificamos, inaugurando famílias, vida profissional e ministerial. É quando nos tornamos pais, responsáveis por administrar outras vidas, e organizar nosso cotidiano e nossos relacionamentos.
Dentre as estações delineadas por Deus, o outono é a estação de dias limpos, com chuvas ocasionais e céu alaranjado. É a estação dos frutos, onde ocorre redução dos raios solares, instabilidade térmica com alguns nevoeiros e ventania, em que as folhas ficam coloridas e caem com leveza das árvores para enfeitar o chão das ruas e bosques.
Nos nossos anos de outono também estamos sujeitos a chuvas ocasionais, muito nevoeiro e alguma ventania. Muitas vezes encaramos até algumas tempestades inesperadas. A verdade é que, se fizermos as contas, os dias com céu limpo e alaranjado serão mais numerosos, e mesmo quando um nevoeiro atrapalha nossa visão do futuro, ele logo se dissipa, dando lugar a um sol morno e gostoso. Sim, a alegria sempre procede à tristeza, e nossas aflições são dissipadas pelas misericórdias de Deus, que se renovam todas as manhãs!
Quantos frutos colhemos no inverno! Como esquecer o nascimento dos filhos, e os anos em que os acompanhamos crescer, inaugurando novas habilidades e aprendizagens?
Por mais difíceis e trabalhosos que estes anos possam ser, há sempre o refrigério das gargalhadas infantis, e dos beijos, das frases e dos abraços sinceros da infância. É uma oportunidade única e divina podermos frutificar filhos, e ao mesmo tempo poder formar caráter e moldar a personalidade dos mesmos.
A instabilidade térmica do outono se reflete em nossos relacionamentos pessoais e profissionais. Construímos uma carreira profissional e/ou ministerial com muito esforço, muitas dúvidas e apreensões. Nos regozijamos com os avanços e sucessos, e sempre projetamos mais, visando podermos viver com tranquilidade a nossa última estação da vida.
Nos relacionamentos pessoais, aprendemos a negociar tarefas domésticas, ponderar pontos de vista diferentes dos nossos, trocar experiências, e encarar desafios que nos fazem perder o sono. Vamos amadurecendo, esperando menos das pessoas, estabelecendo prioridades na administração do nosso tempo, selecionando em quem vamos investir nossos afetos e aonde vamos direcionar nossos esforços.
No outono da vida necessitamos aprender a gostar do cheiro da terra molhada pela chuva, e valorizar os tons coloridos das árvores. E, claro, vamos apreciar, sem pressa, os frutos diversos e saborosos desta longa estação!
Mesmo que as folhas caiam, vamos deixar que elas embelezem nosso chão, nos apontando o mosaico colorido que Deus planejou pra nós.
Elaine Cruz
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