No meu livro Equilíbrio Emocional, lançado pela CPAD, eu discuto o fato de que temos priorizado os dons do Espírito, em detrimento ao Fruto do Espírito.
Os dons espirituais têm a função de edificar o Corpo de Cristo, promovendo crescimento sadio para a obra de Deus. São dons do Espírito Santo, que podem ser operados por meio de pessoas, mas sempre sob a condução do Espírito.
Assim sendo, quem profetiza não fala de si mesmo. E a palavra de conhecimento e a de sabedoria não são frutos da inteligência humana. Operação de milagres e curas de doenças não devem ser creditadas a quem orou ou impôs as mãos – só a Deus!
Os dons do Espírito Santo não são de pessoas, são do Espírito. E na obra de Deus devem cooperar com outros dons divinos cedidos aos seus servos. É por esta razão que me preocupa muito o fato de que as pessoas definem os dons espirituais como aferição de santidade ou de vida reta com Deus. Não entendem que somos sempre instrumentos para sermos usados pelo Espírito Santo de Deus, e que os dons espirituais, por si só, não garantem frutos de arrependimento ou justiça em quem os recebe.
Tenho o privilégio de nascer em um lar evangélico. Mas ao longo dos mais de cinquenta anos de evangelho, o que sempre me surpreendeu é como priorizamos os dons em detrimento do Fruto do Espírito, onde o discurso bíblico não coaduna com uma mudança real no caráter e na personalidade dos que se denominam evangélicos.
Infelizmente, todos conhecemos histórias de pessoas usadas com o dom de profecia, mas que apresentam uma vida pessoal pecaminosa; ou ainda relatos de grandes ensinadores com palavras sábias que vivem em adultério; ou de pessoas que falam variedade de línguas estranhas e até as interpretam, mas que têm uma conduta pecaminosa diante de Deus. Há muitos homens e mulheres inescrupulosos, que simulam o “jeito de profetizar”, que decoram jargões para suas pregações e que enganam a muitos.
É importante ressaltar: os dons são operados pelo Espírito, enquanto o Fruto do Espírito é produzido pelo crente fiel e submisso ao Espírito. Portanto, enquanto o primeiro edifica o Corpo de Cristo, o segundo provoca edificação e crescimento espiritual pessoal e individual.
É impressionante como as igrejas invertem a importância entre os Dons e o Fruto do Espírito. Crente espiritual não é crente que profetiza ou fala em línguas estranhas. Crente espiritual não é aquele que canta ou prega muito bem. Crente espiritual é aquele que se deixa dominar pelo Espírito Santo, produzindo o fruto do Espírito em suas ações cotidianas, conjugais, profissionais e também ministeriais.
O Fruto do Espírito promove cura para a nossa alma. Ele resgata nossa saúde mental e emocional, trata nossa personalidade e caráter, molda nosso temperamento, e seus resultados alteram nossos conceitos e valores. Frutificar o fruto do Espírito é, em resumo, nos separarmos para Deus, santificados para a sua vinda. É permitir que o Espírito Santo colha em nós o resultado da sua operação sobrenatural em nossa vida!
Elaine Cruz
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