Ao viajar pelo interior de Portugal, é comum encontrarmos pequenas aldeias, com muitas parreiras e oliveiras, cujas ruas ainda são pavimentadas com pedras centenárias. Assim como acontece no interior do Brasil, de vez em quando algumas pessoas curiosas, na maioria das vezes mulheres, ainda aparecem nas janelas para observar o movimento das ruas ou simplesmente acenar um “até logo”!
Sempre que isto acontece, fico pensando em quantas pessoas simplesmente nascem nestes vilarejos e lá fazem suas vidas, casando e criando seus filhos. E sempre penso: E se eu tivesse nascido neste lugar?
Também penso nisto quando assisto crianças que nascem em lares em conflito, ou quando penso em histórias de milhares que são vendidas como escravos por seus pais em tribos distantes. E se eu tivesse nascido em um lar disfuncional? E se a cultura do meu país de nascimento permitisse casamentos de crianças arranjados pelos pais? E se nós tivéssemos irmãos (ou se tivéssemos, no caso de filhos únicos), como teria sido nossa criação?
Agradeço a Deus por ter nascido em um lar evangélico, tendo pais que conduziam o evangelismo da família com seriedade. Mas e se eu tivesse nascido em um lar ateísta ou idólatra?
Sou psicóloga, mas e se eu tivesse escolhido outra profissão? E se eu não tivesse casado com meu marido? Como meus filhos não existiriam?
É uma loucura trabalhar possibilidades. Afinal, no e se… cabe qualquer coisa!
E se Jesus não tivesse morrido para pagar o preço pela nossa redenção? E se não tivéssemos aceitado o convite para visitar a igreja? E sem fechássemos o coração para o evangelho? E se não tivéssemos Deus na nossa vida? Como viveríamos sem tantos milagres e cuidados divinos?
Para algumas perguntas elencadas jamais teremos respostas. Afinal, jamais saberemos como teria sido fazer a viagem que não fizemos, nunca saberemos de fato como é nascer em outro país, como ser criado numa casa diferente da que tivemos, ou o que perdemos (ou ganhamos) quando fizemos algumas escolhas de vida. Até porque há decisões na vida que são escolhas sem volta - como a escolha do cônjuge, a opção por um aborto, ou decidir viver e morrer sem Deus!
O bom de ponderar estas possibilidades é poder analisar nossas escolhas acertadas e poder agradecer pela direção e cuidado de Deus em cada dilema da nossa vida. Afinal, se você está lendo este artigo, certamente tem muito a considerar e comemorar, pois só o fato de ter acesso a uma plataforma evangélica já é evidência de escolhas acertadas sob a direção de Deus.
Pensar sobre as possibilidades e consequências de nossas ações nos torna menos inconsequentes. A Bíblia já afirma: Quem examina cada questão com cuidado prospera, e feliz é aquele que confia no Senhor. (Provérbios 16:20).
Muitos são os que simplesmente vivem, não ponderam as consequências de seus atos e palavras, e vivem constantemente com culpa e remorso por não terem pensado, mesmo que rapidamente, em: E se eu estiver errado? E se esta não for a escolha de Deus para a minha vida? E se eu jejuar e orar para esperar a decisão acertada? E se eu simplesmente me calar e deixar Deus ser meu juiz e defensor, falando e agindo por mim?
O exercício de ponderar possibilidades é algo que faz parte da nossa humanidade, pois temos a tendência constante de nos comparar aos outros e analisar escolhas alheias. Porém, não gaste seu tempo pensando em coisas efêmeras que não pode alterar. Concentre-se, quando possível, em consertar decisões errôneas. Retroceda para não cair em armadilhas, perdoe para não alimentar rancor, cale-se para não se arrepender posteriormente, e se esforce para acertar em suas escolhas futuras.
Portanto, pense no que Jesus faria em seu lugar, no que Deus já nos direcionou através da Sua Palavra e, se for para aplicar o e se…, pondere em como seríamos mais felizes e vitoriosos se, simplesmente, todos os dias, nos momentos decisórios de vida, pensássemos: E se Jesus voltasse agora, eu subiria?
Elaine Cruz
*A CPAD não se responsabiliza pelas opiniões, ideias e conceitos emitidos nos textos publicados nesta seção, por serem de inteira responsabilidade de sua(s) autora(s).