Seria ingênuo achar que no Réveillon todos os percalços do ano anterior serão deixados pra trás. Ou que o dia do nosso aniversário seremos pessoas recomeçando um novo tempo. Ou que durante três ou quatro dias de folia ensandecida, como no carnaval, todos os problemas serão esquecidos.
É sabido que o ser humano precisa comemorar a vida: nascimentos, aniversários, casamentos, viagens, eventos, datas especiais. Faz bem à alma reviver, olhar fotos da infância, rever um vídeo de casamento, e ir a um teatro ou evento popular comer algodão-doce. É reconfortante passear na praça ou shopping, fazer um FaceTime e matar as saudades de alguém distante. E são muitas as práticas saudáveis, que marcam nossa existência e servem como um elo entre as nossas várias idades e fases de vida, e das quais nos orgulhamos e com as quais convivemos, sem perder nossa essência ou sabotar nossos valores.
Mas não é isto o que acontece no carnaval. Casais e crianças, no aconchego do lar familiar, assistem desfiles e bailes com nudez e imoralidade. Homens casados tiram férias conjugais e se comportam como ficantes. Mães e esposas abandonam casas e filhos, abrindo mão de pudores e vergonha, e se misturam a outras em eventos onde são protagonistas de tudo o que gostariam de evitar para seus próprios filhos.
Uma festa onde milhares de camisinhas são distribuídas, em que se consome altas doses de álcool e drogas, e que vende uma imagem de um Brasil permissivo e libertino, não pode ser popular. Eu faço parte do povo brasileiro, e não me sinto representada por esta festa dita popular. Ao contrário, me envergonho como mulher, mãe, esposa, psicóloga, educadora e pastora.“Pão e Circo”, diziam os romanos, era o que o povo precisava para ficar calmo e não reclamar contra seus governantes. O problema é no Brasil só temos o Circo – e de horrores, pois depois que a festa passa, deixa uma imagem negativa do Brasil. Resta, então, uma série de casamentos desfeitos, abortos encomendados, e uma nação acéfala que vai passar o resto do ano esperando o pão decente de cada dia. São muitos os estragos familiares, muitas as desavenças conjugais e as tragédias pessoais em nome de uma folia de quatro dias. De uma folia que precisa ser regada por álcool e drogas, por fantasias e enredos que denigrem a dignidade e honradez, e que cada vez mais enaltecem demônios e práticas anti-bíblicas.
É triste constatar que perspectiva do circo romano prevalece: prover as pessoas de momentos de folia que as façam esquecer suas mazelas. A grande questão é que as mazelas só se aprofundam, pois a crise financeira é ainda gravada pela crise familiar e pessoal, e todos os anos assistimos muito abortos e divórcios pós-carnaval.
Precisamos de alegria. Da alegria de ver os filhos formados, de ver adolescentes livres de vícios, de conviver com jovens e famílias estruturadas. Da alegria do abraço conjugal, da fidelidade sexual, de uma consciência limpa. Da alegria que se estende ao longo dos outros dias do ano, associada à paz que não depende das circunstâncias, que só Deus pode dar.
Precisamos, urgentemente, como igreja, professar nossa alegria maior: de nos saber salvos pela Graça em Jesus, alimentando a esperança de novos céus e nova terra. Que possamos declarar como Paulo: Que o Deus da esperança os encha de toda alegria e paz, por sua confiança nele, para que vocês transbordem de esperança, pelo poder do Espírito Santo. (Romanos 1513).
Só em Jesus temos o verdadeiro Pão, que sacia a alma humana, acompanhado de uma alegria que não é passageira, pois se estenderá por toda a eternidade!
Elaine Cruz
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