Dar presentes a outros jamais substitui ser presente para os outros. Por mais caro que seja um presente, é melhor um presente mais simples envolvido pela certeza de que podemos contar com a presença do presenteador.
Muitos são os que ganham presentes em aniversários, ou que eventualmente recebem presentinhos cotidianos de pais e avós. Quando as festas de final de ano se aproximam, começamos a pensar em presentes para familiares e amigos. E presenteamos porque amamos e porque desejamos firmar aos outros, nosso compromisso de estar presente, visivelmente, na vida daqueles a quem queremos bem.
Contudo, nada é mais doloroso do que receber coisas em lugar de afetos. Sempre haverá uma desvalorização absurda de um presente, por mais caro que seja, ofertado por uma pessoa fria, distante ou ausente afetivamente.
Filhos preferem pais que brincam com eles todas as noites, do que simplesmente pais que ofertam brinquedos. Eu cresci em uma família que só me presenteava no meu aniversário e no Natal – e ainda assim com restrições financeiras, pois nem sempre ganhei o que desejava. Mas tive pais que brincavam na chuva comigo, que rolavam pelo chão, que faziam guerra de travesseiros, corriam atrás dos filhos simplesmente para fazer cócegas e nos fazer rir. E, sinceramente, sempre fui muito grata pelos presentes que ganhei, mas sem dúvida alguma, sou imensamente mais completa pelo afeto que sempre recebi.
Todas as mulheres preferem a doçura do amor conjugal do marido às joias mais caras que poderiam receber. Jóias e vestidos belos são recebidos com alegria, mas são guardados em cofres e armários. Diferentemente dos afetos e elogios, que são guardados em memórias que elevam a autoestima.
De forma semelhante, melhor do que um relógio caríssimo ou um belo terno, a preferência de qualquer marido que ama sua família vai ser o sorriso feliz dos filhos, a saúde equilibrada da sua família. e a geladeira e mesa farta de bens que ele pôde comprar com seu salário honesto. O carro do ano enfeita garagens e ruas, mas o sexo amoroso e as conversas ao pé do ouvido com sua esposa preenchem as lembranças mais valiosas.
Quando somos presentes afetivamente na vida das pessoas, construindo afetos positivos e boas memórias, um presente recebido se torna mais uma dádiva de amor – e este pode ser uma bola feita de meia velha, uma boneca simples e barata, um carrinho de plástico ou uma automóvel de grande valor retirado na concessionária de veículos novos.
Quem é presente nos abraça nas noites frias. Nos consola quando tudo parece desmoronar à nossa volta. Jejua conosco quando enfrentamos batalhas impossíveis de serem vencidas. Nos oferece a mão quando caímos. Nos adverte quando estamos prestes a cometer desastres. Nos recebe de braços abertos quando estamos pobres e carentes. Ora pela nossa cura, conversão e transformação de vida. Nos perdoa quando erramos. Nos ama apesar de.
Quem é presente não espera feriados, datas especiais ou natalinas para ser presente em nossas casas ou em nossas vidas. Quem é presente podemos realmente chamar de meu, pois testemunha nossos fracassos e sucessos, e sabemos que estará lá, em cada curva do nosso caminho para os céus.
Quem é presente já é um presente para o outro.
Elaine Cruz
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