Estamos vivendo em um mundo complexo. A adolescência está sendo estendida, os jovens estão cada vez mais imaturos, e as crianças estão sendo forjadas a assumir tarefas e comportamentos de adultos, perdendo a oportunidade de aproveitarem as benesses da infância.
Em todo o mundo, especialmente por conta da força midiática, muitas crianças estão se vestindo de forma indecente e provocante, com roupas escolhidas pelos próprios pais. E outras são elencadas por sites e jogos que impõe a elas conversas e atitudes sexuais inadequadas à faixa etária em que se encontram.
Todos assistimos, nas grandes cidades ou no interior, crianças presas a celulares e jogos partilhados pela internet. Crianças que antes brincavam nas ruas, com amigos reais, e que interagiam umas com as outras através de brincadeiras de crianças, hoje mergulharam no mundo virtual. E o mais triste é que elas estão acelerando atitudes que as levarão para o isolamento social na adolescência e juventude.
Infelizmente, as perdas em vivenciar as diversas etapas do desenvolvimento estão provocando uma necessidade de retrocesso na vida adulta. É como se os adultos precisassem compensar a infância perdida, ou simplesmente necessitassem se esconder em atitudes infantis na presença dos desafios da vida adulta.
Em um artigo anterior discutimos a questão dos bebês reborn, quando adultos “brincam” com bonecas como se estas fossem reais. E algo ainda mais estarrecedor é assistir, em um ritmo crescente, a prática de adultos utilizando chupetas, e até mamadeiras, como se fossem bebês. O hábito do uso de chupetas por adultos tem se popularizado pelo mundo, principalmente nos Estados Unidos e na China, chegando ao Brasil, onde vídeos virais nas redes apresentam chupetas como acessório de moda, onde estas, decoradas e personalizadas, são incorporadas ao vestuário e estilo de vida de alguns jovens e adultos.
Para os que usam chupeta, a desculpa é que esta auxilia no alívio do estresse e da ansiedade. Assim como acontece para os bebês, a ação repetitiva de sucção pode ativar o sistema parassimpático, que acalma o corpo, funcionando como um mecanismo de autorregulação emocional. Contudo, na vida adulta, o uso da chupeta funciona como um analgésico emocional, porém artificial e temporário. Chupeta, em inglês, é chamada de “pacifier”, que traduzindo seria algo que traz paz, que acalma. De fato, para o bebê, de forma temporária, a chupeta pode até acalmar, mas não vai funcionar como algo pacificador na vida adulta - pelo contrário, o uso de chupetas e mamadeiras por adultos são evidências de um comportamento infantilizado, são retratos de uma atitude escapista, como uma forma de fugir das pressões e dores da vida adulta. Assim sendo, é mais do que uma moda passageira, é uma doença emocional que precisa ser tratada.
Além disso, há riscos para a saúde. O uso prolongado de chupetas por adultos (e até na infância) pode causar desalinhamento dentário, alterações na mordida, retração gengival, exposição da raiz e, em casos extremos, perda de dentes. Pode ainda ocorrer disfunções na articulação temporomandibular, problemas na deglutição e alterações respiratórias. Além, é claro, de acentuar as disfunções afetivas, que podem desencadear transtornos emocionais sérios.
Há os que se tornam adictos da chupeta. E para romper a dependência é preciso buscar acompanhamento psicológico para tratar a raiz da ansiedade, fazer atividade física regular para regular o estresse, e obter ajuda para aprender a lidar com os desafios da vida adulta.
Contudo, sob o olhar espiritual, é clara a ação demoníaca visando desclassificar a maturidade emocional, tão necessária para a vida social, pessoal e espiritual.
Afinal, viver a vida cristã implica crescer em maturidade, aprofundando o equilíbrio emocional. Os que servem a Deus fielmente vivem a vida de forma racional, dando frutos esperados nas estações próprias da vida (Salmo 1.3).
Oremos para que nossos filhos e netos estejam firmados em Deus, aprendendo desde cedo a buscar maturidade espiritual, e obtendo a valentia e coragem que advém da confiança de saber que Deus não nos deixa sozinhos na caminhada da vida.
Com Deus encaramos gigantes, leões famintos, fornalhas ardentes. Não tememos os vales de sombra e morte, os mares turbulentos, e se preciso for ainda andamos sobre as águas.
A vida com Deus é para os fortes, para adultos que já deixaram o tempo de agirem como crianças mimadas e infantis.
Não precisamos de pacifier. Jesus é nossa Paz. Não uma paz infantilizada ou temporária, mas uma paz real, que brota em meio às circunstâncias adversas da vida.

Elaine Cruz
*A CPAD não se responsabiliza pelas opiniões, ideias e conceitos emitidos nos textos publicados nesta seção, por serem de inteira responsabilidade de sua(s) autora(s).