Recentemente, uma advogada revelou nas redes sociais um caso inusitado: um casal em disputa judicial, após o divórcio, pela guarda de um “bebê reborn” - bonecos hiper-realistas que simulam bebês humanos. O caso gerou repercussão ao mostrar que existem grupos de “pais” e “mães” de bebês reborn, que os veem como substitutos simbólicos de filhos, por motivos como perda, infertilidade ou carências afetivas, os quais se encontram para compartilhar suas experiências.
Isso causou perplexidade e levantou questões profundas sobre a saúde emocional, o afeto e o sentido da maternidade na sociedade atual.
Em tempos de relacionamentos artificiais, cultivar laços genuínos se torna um desafio crescente. Os bebês reborn ilustram até onde o ser humano pode ir ao buscar alternativas para o amor verdadeiro e significativo. É preocupante observar mulheres tratando bonecos como se fossem bebês reais. No mínimo, chama a atenção ver como esta geração lida com comportamentos que antes eram mais comuns na infância, agora presentes em adultos.
O amor verdadeiro, em sua forma mais elevada, é desenvolvido em relacionamentos altruístas, que exigem maturidade e renúncia. Diferente dos bebês humanos, que demandam cuidados e aceitação de suas imperfeições, os bebês reborn não exigem sacrifícios e servem apenas para satisfazer os desejos de seus donos. Brincar não é o mesmo que criar ou educar. O verdadeiro amor cresce em meio a situações que envolvem sofrimento, fé e esperança, o que uma relação com um boneco não pode proporcionar.
Brincar com bebês é natural em contextos com crianças ou idosos com demência, mas torna-se problemático se refletir uma cultura que evita a dor, a responsabilidade e o esforço dos relacionamentos reais. Adultos precisam de pessoas reais e dos desafios da vida, por isso é preciso cuidado com grupos virtuais que incentivam o imediatismo e o conforto emocional. Apegar-se a objetos sem vida, que não exigem sacrifício ou doação, pode criar uma geração de adultos imaturos, incapazes de enfrentar os dilemas da vida.
Paulo, em 1 Coríntios 13:11, relaciona o amadurecimento ao amor verdadeiro, que exige entrega e compromisso: “Quando eu era menino, falava como menino, pensava como menino e raciocinava como menino. Quando me tornei homem, deixei para trás as coisas de menino.” Brincar de bonecos é natural na infância, pois ainda não temos estrutura para a vida adulta, mas manter esses vínculos na maturidade pode revelar resistência ao crescimento emocional e espiritual.
O amor verdadeiro, segundo a Palavra de Deus, se revela nos relacionamentos reais, cheios de desafios e renúncias. Jesus ensinou que o maior amor é dar a vida pelos amigos (João 15.13), o que não é possível com um boneco, que não exige amor sacrificial. Bebês reais, frágeis e dependentes, representam a vida e o plano divino, exigindo cuidado e dedicação. Deus nos criou para gerar vida por meio do relacionamento autêntico entre homem e mulher no casamento, essencial para nosso amadurecimento pessoal e espiritual.
O envolvimento com objetos, como bonecos ou inteligências artificiais, pode enfraquecer nossa empatia e nos afastar do verdadeiro sentido da vida: amar e servir. Só o amor vivido com pessoas reais, com suas alegrias e dores, entregas e renúncias, nos transforma e nos aproxima de Deus. Em Cristo, somos chamados a vínculos autênticos, onde o amor se doa e acolhe, tornando a existência mais plena e significativa.
Que possamos aceitar o desafio da maturidade real, que se alcança por meio de relacionamentos genuínos, em que o amor verdadeiro se manifesta na prática diária da doação ao outro — e não em substituições artificiais que nos afastam da realidade e do propósito divino.
Que Deus te abençoe em Cristo Jesus!
Judite Alves
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