Judite Maria da Silva Alves

Professora e terapeuta familiar; casada com o Pr.Ailton José Alves (presidente da Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco); mãe de três filhos (casados), e avó de quatro netos. Apresenta diariamente, há mais de dez anos, o programa “A mulher e seus desafios” pela Rede Brasil de Comunicação. Lidera o trabalho de Círculo de Oração em todo o estado de Pernambuco e coordena as atividades sociais da IEADPE, que mantém oito Centros de Desenvolvimento Integral Vida em várias comunidades carentes na Região Metropolitana do Recife, onde são atendidas mais de 4 mil crianças.

Quem são as companhias dos nossos filhos - os desafios das IAs

Dia desses, choveu no meu feed das redes sociais imagens criadas pelo ChatGPT a partir de fotos reais. Eram como se fossem desenhos das famílias gerados pela IA. Cada vez mais, nossa vida pessoal é compartilhada nos chats e nem percebemos os perigos que isso envolve.

Com apenas um comando, os chats podem transformar nossas fotos, resolver questões de matemática ou gramática, sugerir leituras, fazer resumos e até dar conselhos espirituais.

Eu, que não nasci ontem, fico pensando nos perigos que tudo isso envolve. Sim, eu sei que há muitos benefícios. A facilidade das IAs  torna a vida mais produtiva, mas, como toda ferramenta, é preciso avaliar os perigos do mal uso.

Para crianças e adolescentes, IAs como o ChatGPT podem ser fascinantes justamente porque fornecem muitas possibilidades e  uma riqueza de informações em frações de segundos. Mas o que mais me preocupa é a capacidade de gerar conversas. Para além dos perigos éticos como o plágio, a IA pode ser uma companhia indesejada para crianças e adolescentes que carecem de relacionamentos reais.

Um estudo de 2024, publicado na Human-Centric Intelligence Systems, analisou como o ChatGPT cria dependência por meio de "recursos como respostas personalizadas, validação emocional e engajamento contínuo". Os pesquisadores concluíram que a tecnologia pode tornar tênue a linha entre IA e interação humana real, “criando laços pseudossociais que podem substituir relacionamentos humanos genuínos". Como outros vícios, o ChatGPT pode interferir na vida diária de uma pessoa, atrapalhando seus relacionamentos.

O que fazer? Devemos banir totalmente? Como conviver com esta nova realidade?

Meus amados irmãos, os princípios que nortearam a vida dos nossos antepassados são os mesmos que vão nos nortear hoje. A Bíblia tem as respostas para nossos dilemas atuais.

O ChatGPT pode até ser uma ferramenta avançada para o trabalho, mas ela não foi feita para relacionar-se como ser humano. Máquinas têm o seu lugar, e são bem-vindas, quando glorificam a Deus e dignificam o homem. Mas lembremo-nos que elas são produtos do homem e não outro homem! Elas podem até ser rápidas e cada dia melhorar em sua capacidade de auxílio no trabalho humano, mas elas são máquinas e cometem erros, simplesmente porque são alimentadas por homens, que cometem erros, e são operadas pelo sistema maior de coisas que domina o mundo.

É importante que conversemos com nossos filhos sobre os benefícios do ChatGPT, mas também sobre seus limites  e sobre os potenciais riscos do excesso de confiança. Há coisas que somente outra pessoa pode saber. Somos, como criação divina, únicos na terra. Não há invenção humana capaz de substituir outra pessoa, principalmente no que se refere aos dons e serviços que o Senhor planejou que deles usássemos. É no contato com o irmão, é na face do irmão que encontramos a Cristo. A recomendação, desde o início da Igreja, é que “não deixássemos de congregar”, mas que considerássemos uns aos outros para nos incentivarmos ao amor e às boas obras, procurando encorajar-nos uns aos outros, ainda mais quando vemos que se aproxima o Dia (Hb 10.24,25). Deus nos deu uns aos outros para que levássemos as cargas uns dos outros (Gálatas 6:2-5), orássemos, cantássemos e compartilhássemos da Sua Palavra para nossa edificação no mundo (1 Coríntios 14:26).

Quem é companheiro de seus filhos para essas coisas? Quem ministra sobre eles a Palavra de Deus, quem ora ou aconselha? Há coisas que somente outro filho de Deus pode fazer por nós. Acompanhe seu filho, veja como estão seus relacionamentos. Se passa muito tempo no celular ou nas telas, veja com quem se relaciona. Esteja atenta e cuide da vinha que o Senhor te deu. Ele voltará e pedirá contas do seu trabalho.

As máquinas nos ajudam, mas o trabalho humano é repleto de alma, coisa que o ChatGPT não tem. O trabalho criativo humano é tão único quanto nossa impressão digital. Deus nos deu dons para desenvolvermos e é vital que o desenvolvamos em comunidade.

Acima de tudo, ore. Peça direção a Deus como conduzir sua casa. O Espírito Santo tem total interesse em sua vida e em torná-la frutífera no mundo. Compartilhe com Jesus os seus anseios. Leia a Sua Palavra. Esteja em comunhão e o Senhor te conduzirá.

Deus em Cristo lhe abençoe!

 Judite Alves

*A CPAD não se responsabiliza pelas opiniões, ideias e conceitos emitidos nos textos publicados nesta seção, por serem de inteira responsabilidade de sua(s) autora(s).

 

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