Fui agraciada com o Prêmio Areté 2025 - o mais importante reconhecimento da literatura cristã evangélica da América Latina. Fui a vencedora na categoria Família, ganhando o prêmio de Melhor Livro, com a obra FAMÍLIAS EM CONFLITO, publicada pela CPAD em 2024.
Receber este prêmio, que é considerado o selo máximo de excelência da literatura cristã brasileira, reconhecido como o “Oscar da Literatura Cristã”, foi uma honra concedida por editores, mas que eu credito totalmente a Deus. A Ele sempre darei toda a glória e honra!
Este fato me fez pensar no privilégio da escrita: a arte privilegiada de poder deixar um registro do que pensamos, trabalhamos, aprendemos e vivenciamos. E, sendo mulher, este privilégio é ainda maior, pois por muitos séculos, as mulheres foram impedidas de ter acesso à educação formal e à escrita em muitas sociedades. As meninas eram criadas para a realização dos afazeres domésticos e para a reprodução. Era negada a elas a oportunidade de pleno desenvolvimento intelectual, e a educação, quando permitida, era limitada a habilidades básicas de leitura, costura e trabalhos manuais.
Na Grécia antiga, as mulheres da elite viviam em semi-reclusão e tinham pouca ou nenhuma educação formal, enquanto as de classes sociais mais baixas gozavam de um pouco mais de liberdade. Estas, muitas vezes, tinham a oportunidade de ouvir leituras em praças públicas, mas raramente aprendiam a escrever.
Na Idade Média, a educação era responsabilidade da Igreja e controlada por sacerdotes e monges, e as mulheres que conseguiam se escolarizar geralmente eram freiras.
No Brasil, as primeiras escolas foram construídas por jesuítas, e inicialmente apenas homens podiam frequentá-las. Foi só a partir do século XIX que o acesso das mulheres à educação ganhou força. A lei de 1827 permitiu o acesso feminino ao ensino público de primeiras letras, mas o currículo era diferente do dos homens, e foi só 1879 que as mulheres foram autorizadas a ingressar no ensino superior.
Hoje sabemos que muitas mulheres, assim como eu, podem registrar em textos seus saberes para as próximas gerações. E, o que é ainda melhor, podem ler e aplicar ensinamentos apreendidos a partir de leituras diversas.
Ler é uma grande dádiva. A leitura nos permite ter acesso a experiências alheias, a identificar nossas características pessoais, a conhecer valores e conceitos que precisamos assimilar ou rejeitar. A leitura nos transporta para outras realidades, e como tudo o que é produzido pela mente humana, toda leitura precisa ser bem analisada, com julgamentos embasados no que julgamos correto, lícito e importante para nosso crescimento pessoal e espiritual.
Este contexto evidencia ainda mais a importância da melhor leitura que podemos praticar na vida: a leitura da Bíblia, da Palavra de Deus. Mesmo porque o texto sagrado precisa ser a referência para o julgamento de qualquer outro texto.
Como escritora, atento para o fato de que tudo o que eu escreva esteja em concordância com as Escrituras. E como leitora, minha preocupação é sempre analisar se o que eu estou lendo ou vendo (filmes, artigos, posts, livros, dentre outros), estão em consonância com o que a Bíblia diz.
Sim. A Bíblia diz. A Bíblia fala. Ela é a Palavra de Deus, é o que Deus escreveu para nós: sua vontade, suas regras, seus mandamentos e propósitos. A Bíblia contém a história da humanidade, conceitos e valores, e tudo o que precisamos saber para a vida terrena e eterna. Portanto, valorize a escrita divina para a sua vida, conduzindo seus caminhos através da direção que Deus nos traz em seus escritos.
Como escritora, incentivo você a escrever. Tenha um caderno de bençãos e registre as bençãos recebidas ao longo da sua vida, para que possa relembrá-las quando estiver passando por momentos difíceis.
Escreva cartinhas para seus filhos, afirmando seu cuidado, seu afeto e seus ensinos. Eles poderão ler quando você não estiver mais por perto, pois ensinos preciosos precisam ser relembradas e só ganham mais valor ao longo dos anos.
Escreva cartões para seu cônjuge, deixando o registro do seu amor, e da sua gratidão pelo fato dele pertencer ao seu lado, testemunhando a sua história, e do privilégio de poderem partilhar anos de memórias e vivências em conjunto.
Escreva felicitações para amigos, elogios aos irmãos da fé, palavras de gratidão e apoio a pastores, chefes e líderes que abençoam sua vida. E escreva para você mesmo, escrevendo em cadernos e blocos de notas suas percepções e aprendizagens da vida.
Quando você fala, por mais reconfortante que seja ouvir, as palavras podem ser desbotadas pela memória. Mas as palavras escritas permanecem, são registros que transcendem gerações, e que podem continuar emocionando e ensinando por décadas ou séculos.
Espero que você tenha a oportunidade de ler meu livro, assim como tantas outras boas escritas, e que escreva, mesmo que em sua alma, aprendizagens que não pretende esquecer. Mas desejo que, acima de tudo, você escreva e deixe escrever, em seu coração e mente, a Palavra de Deus, que “é viva e eficaz, e mais afiada que qualquer espada de dois gumes; ela penetra até o ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e julga os pensamentos e as intenções do coração.” (Hebreus 4.12).

Elaine Cruz
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