Gosto de refletir, usar metáforas e alegorias quando sou levada a escrever ou discorrer sobre determinados assuntos. Talvez minha feminilidade me faz ser assim, ou talvez porque desde muito cedo, e desempenhando diversas facetas na maternidade, somos treinadas a interpretar a reconhecer quando o choro é de birra, de dor e até mesmo de medo. Também treinamos sempre a empatia, como ficar no lugar do outro, quando nos tornamos mães.
Todas nós, além de passarmos um bom tempo da vida com nossa família e, principalmente, com nossa mãe, vivemos também um bom tempo com a professora nos primeiros anos de escola, que muitas vezes desempenhava um papel como de segunda mãe. Quem não lembra desses momentos? Pelo menos para mim, foram momentos indeléveis! Depois, aprendemos a “descolar” dessa “segunda mãe”. Era assim no meu tempo. Sou sexagenária. Glória a Deus pela vida! Lembro-me que sofri muito quando houve esse processo de corte, mas cicatrizou. Sempre que escutava: “Olhe, você está crescendo, cada ano é um professor diferente”, volvia em mim um sentimento melancólico, que só o tempo e o carinho dos pais fazia superar.
À medida que crescíamos, os deveres e obrigações iam aumentando e tínhamos que cumprir as diretrizes básicas que a legislação brasileira dita para cada disciplina, faixa etária e outras exigências. Que desencanto para um filho quando reprova! Há pais que não hesitam falar: “Investi em você durante todo ano, dei todas as condições para você ter um bom desempenho, até lhe poupei de fazer determinada tarefa para estudar e você reprova”. Que decepção! Como punição, alguns pais adiam privilégios, frustram alguns sonhos do filho para ensinar-lhes que a vida tem direitos, mas também tem deveres; tem regalias, mas que trazem consigo as responsabilidades.
Essas figuras familiares são comuns na Bíblia. Quando abrimos o livro do profeta Isaías, vemos como Deus, tal qual o pai amoroso, sente-se frustrado com o povo de Israel, totalmente decepcionado com o amor não correspondido. O texto sagrado diz: “Agora cantarei ao meu amado o cântico do meu querido a respeito da sua vinha. O meu amado tem uma vinha em um outeiro fértil. E a cercou, e a limpou das pedras e a plantou de excelentes vides; e edificou no meio dela uma torre e também construiu nela um lagar; e esperava que desse uvas boas mas deu uvas bravas” (Is 5.12).
Que essa não seja a nossa condição! Como foi nossa frutificação durante o ano de 2018? O que fizemos para Deus? A mulher deve frutificar onde está plantada, onde Deus lhe plantou. Uma das características visíveis dos alunos da Escola do Mestre Jesus é a que Ele disse: “Nisto é glorificado meu Pai: que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos” (Jo 15.8). Se quisermos ser aprovadas na Escola do Mestre do amor, temos que dar frutos.
Porém, há um mistério na frutificação que muitas vezes nos intriga: é o fato de que, para dar fruto,é preciso morrer. O Mestre dos mestres, ao falar sobre Sua morte, disse: “Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto. Quem ama a sua vida perde-la-á, e quem neste mundo odeia a sua vida, guarda-la-á para a vida eterna” (Jo 12.24-25).
Entendeu o mistério, querida? Para sermos aprovadas por Deus, temos que dar fruto, mas, para darmos frutos, temos que morrer. Quanto nos custa morrer para os desejos carnais, quanto nos custa matar o nosso ego, quanto nos custa amar de verdade, quanto nos custa perdoar! Tudo isso faz parte da frutificação, do morrer na carne.
Aquele que nos ajudou até aqui, queridas, nos ajudará até o fim. E se Ele decidir dar uma passada nesta figueira, que somos nós, que Ele possa encontrar frutos. Dessa forma,não Lhe frustraremos o coração, como o povo de Israel. Ele se alegrará por nós e dirá: “Valeu a pena investir em você, pois os seus frutos são deliciosos e debaixo de sua sombra muitos se abrigarão”!
Um 2019 cheio de frutificação, para conquistarmos a aprovação de Deus em nossas vidas!
Judite Alves
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